Monday, November 23, 2009

Contrações nada rizomáticas


Ontem tive minha primeira contração, conhecida como contrações de Braxton Hicks ou ainda como falsas contrações. Como uma antropóloga que (me) valha, em uma fórmula bastante conhecida da simetria generalizada, não me cabe dizer se as contrações são falsas ou verdadeiras: devo apenas acompanhar o desenvolvimento dessa embaraçosa (por que não?) rede sócio-técnica.
Mas eu digo de ante-mão, mesmo que o princípio não seja dizer nada de ante-mão até que se prove o contrário: elas não são nada rizomáticas. Tudo bem que elas têm uma dinâmica bem peculiar, elas estão mas não estão, porém sabe-se que elas uma hora vão e ai, olha que curioso, nasce uma controvérsia - perdão – um bebê.
Enquanto nem o meu bebê e nem o meu famigerado estudo de controvérsias não nasce, eu fico aqui tirando sarro da minha própria cara. E as contrações, essas máquinas de guerra de um corpo com muitos e muitos órgãos achatados, são um feliz sinal de que a vida segue sim um percurso muito belo, que eu por um acaso acho mais belo por que está acontecendo comigo.
Linha de fuga ou não, Deleuze que me desculpe minhas apropriações indevidas – mas divertidas – acho que toda contração é digna de uma etnografia. Até que a dor lhe permita. Amém.