Tuesday, March 27, 2007

Rascunhos - Andréz.

Naquela semana em que parti de Montevidéo, pensei no último mês que não bati na sua porta. Éramos vizinhos e antes disso eu havia ensaiado várias vezes em ir te ver, mas acabou que o tosquito chegou e eu bem ou mal esqueci de você por querer.
Claro que você fez daqueles meus dias mais claros, mas acabei por evitar um tempo maior porque afinal eu poderia me apaixonar.
E agora eu lembrei do dia do meu aniversário, que a gente foi tomar mate e falar qualquer bobagem, mas nem precisava mesmo de falar, nem nunca que a gente precisou gastar aquele meu péssimo espanhol. E no outro dia que eu quase seguia dormindo e você sempre tomando aquele wiski de 60 pesos uruguayos sem gelo, eu queria mesmo entender isso. Ou porque você nunca ouvia aquelas músicas todas inteiras. OU na escola, você sempre dizia estar naquele desconforto engraçado sabe, de deixar seus alunos criarem aquela ratazana que vc escondia da diretoria, e eu achava aquilo quase um retrato, uma paisagem das ratazanas montevideanas sendo tratadas pelos enfants chicos pou uruguayos.
Mas aí foi que no fim eu corria, e era tão confortável te evitar, e sei lá por quê, afinal, eu já estava quase entregue mas não ia dar mesmo.
Te liguei esses dias daqui, e você quase não acreditou. Esbravejou, você sempre foi bravo mesmo. Me destruiu, disse isso não se faz, e ainda tinha aquele perrengue dos e-mails, ai nossa sinhora que apuro que foi tudo isso né. Bom, eu não ia gastar meu espanhol com isso, eu nunca precisei mesmo de usar ele com você e depois eu escutei tudo assim, tão atenta né, mas você nem quis saber, isso não se faz, tá, olha, eu sei, eu sei, eu sei.
Eu havia ensaiado uma boa desculpa, que eu sentia muito.
Mas sabe, eu não sinto nada.
E isso foi demais.